sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Invictus"

A primeira cena de “Invictus” (Invictus, 2009) é bastante emblemática e serve como premissa para todo o desenrolar do filme. O veterano diretor Clint Eastwood mostra duas faces distintas de uma África do Sul dividida pelo Apartheid: de um lado aparecem jovens brancos treinando rugby, do outro a câmera mostra crianças negras jogando futebol. Entre estes dois universos aparentemente intransponíveis, surge a comitiva de Nelson Mandela (Morgan Freeman), comemorando a sua libertação depois de 27 anos de prisão. A data era 1990 e quatro anos depois, Mandela viria a se tornar presidente daquela nação. Buscando soluções para possibilitar uma unificação de seu povo, que ainda carregava os resquícios de uma segregação racial gerada pelo Apartheid, Mandela encontra no esporte, mais especificamente na prática do rugby, a resposta para juntar negros e brancos, e assim construir uma África do Sul justa e próspera, sem distinção de nenhum tipo. A relação pouco amistosa entre os membros da equipe de segurança de Mandela ilustra bem a tensão racial que o país emanava naquela época.  Porém, o presidente da África do Sul acreditava que o campeonato mundial de rugby que estava prestes a ser sediado em seu país poderia acabar com o abismo que separava brancos e negros. O problema é que a equipe de rugby da África do Sul era considerada muito fraca e as chances de conquistar o campeonato eram bem remotas. Sem contar que a maioria do povo, negra, odiava o “esporte de branco”, chegando até a torcer contra a equipe de rugby da África do Sul. A idéia de Mandela em usar a Copa do Mundo para aproximar negros e brancos parecia então absurda, inclusive para sua equipe de governo. Porém, Mandela passou a contar com o capitão do time, François Pienaar (Matt Damon), para ajudá-lo nesta árdua tarefa. O objetivo do líder político africano é encorajar seus jogadores para que os mesmos busquem dentro de si um espírito de luta e garra, capaz de torná-los campeões, contrariando todas as expectativas. François executa seu trabalho exatamente como Mandela esperava e a África do Sul chega às finais do campeonato mundial com reais possibilidades de sagrar-se campeã. O jogo final é uma verdadeira batalha campal e Eastwood é mestre na arte de envolver e emocionar o espectador. Não é preciso entender as regras do jogo para entrar no clima “de vida ou morte” da história. Quem assiste percebe que aquele momento transcende o conceito de ganhar ou perder. Não é apenas um jogo, é o primeiro passo na direção de um entendimento entre negros e brancos. A dedicação de François, dentro de campo, e Mandela, fora dele, é compreendida em um grau muito forte pelo espectador. O diretor usa a câmera lenta e o som com um domínio incrível e o espectador testemunha a grande expectativa de um povo, dentro e fora do estádio. Dá até para comparar com o que acontece no Brasil em tempos de Copa do Mundo de Futebol. A maturidade criativa de um inteligente diretor como Eastwood é a peça-chave para o sucesso de “Invictus”. É preciso mencionar também a interpretação memorável de Morgan Freeman como o líder africano. Não seria impossível, por exemplo, confundir o ator com o próprio Mandela em um momento mais distraído. “Invictus” é um longa muito mais a partir do Apartheid do que sobre ele.  Outra obra notável para o currículo de um cineasta que se mostra em plena forma aos 80 anos.


Por Gabriel Von Borell



Invictus
(Invictus, Estados Unidos, 2009)
Direção: Clint Eastwood Roteiro: Anthony Peckham Elenco: Morgan Freeman, Matt Damon, Tony Kgoroge, Patrick Mofokeng
. Drama. 134 min.

6 comentários:

  1. Excelente indicação.

    Este filme é ótimo. Retrata de uma forma bem simples e chamativa um fato que os africanos viveram por um bom tempo.


    Abraços

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  2. Oi Gabriel

    Esse é um filme que eu tbém quero ver.
    Obrigada pelo comentário.
    Bjs

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  3. Noosa esse promete!!!
    Assim q possível, verei.
    Vc já assistiu Nosso Lar?
    Eu particularmente gostei mto, faz a gente repensar um monte de coisas, além de aprender coisas novas.
    interessantíssimo!
    Bjos.
    ah, e obrigada pelo comentário lá no blog.

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  4. Gostei muito desse filme...

    abraços
    de luz e paz

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  5. O filme é outro grande acerto de Clint, que conta extremamente bem uma história real, lógico que tendo a ajuda de Morgan Freeman numa interpretação perfeita.

    Abraço

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  6. Já to te seguindo! Td q eu precisava, um blog de filmes. To precisando sempre de dicas! bjks

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