segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"E Sua Mãe Também"

Tido como uma das principais referências do novo cinema mexicano, “E Sua Mãe Também” (Y Tu Mamá También, 2001), de Alfonso Cuarón, é um road-movie erótico-dramático interessante e bem dirigido. Após dez anos trabalhando em Hollywood, Cuarón retornou ao México para realizar o filme que revelou os atores Diego Luna e Gael García Bernal ao mundo. “E Sua Mãe Também” narra o amadurecimento de dois jovens amigos durante uma viagem inesquecível pelo México, que vai mergulhá-los em uma rede de descobertas, conflitos, revelações e dramas. Aliado a isto, o espectador passeia pela triste realidade azteca que o roteiro faz questão de revelar em uma espécie de crítica social. Julio (Gael García Bernal) e Tenoch (Diego Luna) são dois adolescentes que moram na Cidade do México. Os dois são inseparáveis e fazem praticamente tudo juntos. Não existem segredos entre eles, ou pelo menos era assim que os jovens pensavam. Quando suas namoradas saem de férias rumo à Europa, Julio e Tenoch tentam tornar os seus dias os mais divertidos possíveis. Sendo assim, os amigos embarcam numa rotina de noitadas e festas para “ganhar” algumas transas. Porém, a coisa não dá muito certo. Durante uma festa familiar, os rapazes conhecem Luisa (Maribel Verdú), que é esposa de um primo de Tenoch. Logo, a bela moça mexe com a cabeça dos dois. Na tentativa de flertar com Luisa, Julio e Tenoch a convidam para embarcar em uma viagem com destino à “Boca do Céu”, uma praia fictícia que eles inventam na hora. De cara, Luisa não aceita o convite. No entanto, circunstâncias futuras nada agradáveis fazem a moça ligar para Tenoch para saber se a viagem ainda está de pé. Este é o ponto de partida que marca o rito de passagem de Julio e Tenoch da adolescência para a vida adulta. A partir daí, uma verdadeira lição sobre o perdão e a amizade terá início. E Luísa é o centro de tudo. As cenas de sexo e os diálogos de “E Sua Mãe Também” são dirigidos com muito requinte por Cuarón. E o retrato que o cineasta faz pela geografia mexicana, revelando seus traços culturais, o comércio marginal e a pobreza local, é incrível. O diretor mexicano também não se esquece de retratar a generosidade de seu povo. É interessante observar como todos estes cenários casam com o texto do longa. “E Sua Mãe Também” não deixa de ser ainda um filme que nos faz pensar sobre as pessoas que passam por nossas vidas. Aquelas que parecem que vão fazer parte da nossa história para sempre, mas que, por algum motivo qualquer, desaparecem e em pouco tempo se tornam apenas estranhos para nós. É uma pena que dez anos depois de sua realização o grande público ainda não tenha descoberto esta bela obra do cinema latino-americano.


Por Gabriel Von Borell



E Sua Mãe Também
(Y Tu Mamá También, México, 2001)
Direção: Alfonso Cuarón Roteiro:
Alfonso Cuarón e Carlos Cuarón Elenco: Maribel Verdú, Diego Luna, Gael Garcia Bernal, Nathan Grinberg.Drama. 105 min.