terça-feira, 10 de novembro de 2009

"Piaf - Um Hino ao Amor"

A vida de Edith Piaf foi tão gloriosa quanto trágica. O sucesso marcou a sua vida tanto quanto à tragédia. E “Piaf – Um Hino ao Amor” (La Môme, 2007) deixa tudo isto bem claro. O diretor Olivier Dahan conta a história da grande cantora francesa Edith Piaf de maneira brilhante. A emoção e o drama aparecem na medida exata para narrar uma vida de desgraças e alegrias. O filme é dividido em três narrativas: a infância de Piaf, o sucesso e o auge da fama e, por fim, a doença. O recurso de ir e voltar no tempo, durante toda a projeção, pode confundir um pouco o espectador, mas este se torna apenas um detalhe diante de uma obra tão envolvente e emocionante. “Piaf – Um Hino ao Amor” é sentimento puro. Parece impossível se manter alheio a toda aquela carga de emoções que é jogada na tela. A trilha sonora baseada na carreira de Piaf também é fantástica. Há um casamento perfeito entre as cenas e as músicas escolhidas. E o longa de Dahan tem seu maior trunfo na interpretação de Marion Cotillard. É ela a responsável pela grandiosidade desta obra. A presença da atriz em cena é arrebatadora e sua performance hipnotiza o espectador. A caracterização de Cotillard como Edith Piaf é espantosa e lhe garantiu o Oscar de Melhor Atriz, assim como outros tantos prêmios recebidos pela sua atuação. “Piaf – Um Hino ao Amor” começa em 1959, quando Edith Piaf (Marion Cotillard) já é uma estrela da música, mas logo em seguida volta no tempo. O filme mostra Edith (Manon Chevallier) criança, vivendo num bairro pobre de Paris. Filha de uma cantora de rua, Anetta (Clotilde Courau), com um contorcionista de circo, Louis Gassion, (Jean-Paul Rouve), a garota perambula pelas ruas e passa grandes dificuldades. Edith, então, é levada para morar com sua avó (Sylvie Testud), dona de um bordel. Ela passa a viver em meio às prostitutas e a agitação que acontecia no local durante as noites. Uma das mulheres que trabalhava no bordel, Titine (Emmanuelle Seigner), rapidamente cria afeição por Edith. Quando a menina é diagnosticada com uma rara infecção na retina que a deixa temporariamente cega, é Titine quem a leva ao túmulo de Santa Terezinha. O objetivo delas é entregar flores à imagem e pedir que Santa Terezinha lhe conceda a graça de voltar a enxergar. Rapidamente, Edith recupera a visão. A garota vive com a avó e as meretrizes até o dia em que seu pai volta para lhe buscar. Titine tenta impedir que Louis a leve, mas não consegue evitar a partida. Edith (Pauline Burlet), agora com 10 anos, acompanha o pai em suas apresentações de rua. Em uma delas, quando as pessoas pedem para que a garota também faça um número, seu pai a chama e a obriga a apresentar algo. Em seguida Edith solta a voz e encanta todo mundo que passava pela rua. A menina cresce e passa a batalhar efetivamente por uma carreira como cantora. Encarando muitas dificuldades em função da sua própria miséria, Edith percorre as ruas, se apresentando lá e cá, em busca de algum trocado. Sempre acompanhada de sua fiel amiga, Mômone (Sylvie Testud). Até o dia em que, casualmente, seu destino cruza o caminho de um empresário da noite parisiense, chamado Louis Leplée (Gerárd Depardieu). Ele fica impressionado com o talento de Edith e a convida para se apresentar em sua boate. Daí para frente, a carreira de Piaf deslancha. Ela se torna uma das principais referências da cultura francesa e se torna conhecida mundialmente. Mas em meio ao sucesso, muitas tragédias marcam a vida de Edith. Ao longo de sua trajetória, a cantora é acusada de participar do assassinato de Leplée, escapa da morte num violento acidente de carro, perde sua filha vítima de meningite e perde também seu grande amor, Marcel Cerdan (Jean-Pierre Martins), em um desastre de avião, após chamá-lo para encontrá-la em Nova York. Sem contar os seus problemas com o alcoolismo e drogas. Sua desgraça derradeira veio com a enfermidade pela qual foi acometida no final da década de 50. Seus últimos anos foram de reclusão até o dia de sua morte, aos 47 anos, em 1963. E “Piaf – Um Hino ao Amor” termina com a estrela francesa interpretando uma de suas canções mais conhecidas, “Non, Je ne Regrette Rien”, no Olympia. Ali é anunciada a sua despedida. Ali terminava um tempo de glórias e infelicidades. A vida pode ter sido cruel e maravilhosa ao mesmo tempo, mas acima de tudo, Edith Piaf não se arrependia de nada.


Por Gabriel Von Borell





Piaf – Um Hino ao Amor
(La Môme, França, Reino Unido, Republica Checa, 2007)
Direção: Olivier Dahan Roteiro: Isabelle Sobelman e Olivier Dahan Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Gérard Depardieu, Emmanuelle Seigner
. Drama. 140 min.