quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"O Leitor"

O diretor de “As Horas” (The Hours, 2002), Stephen Daldry, realiza mais um belo filme com “O Leitor” (The Reader, 2008). O longa é uma envolvente trama sobre medo, transmissão de culpa e as conseqüências que os nossos segredos podem trazer. Até que ponto vale a pena omitir um fato para proteger uma verdade inconveniente? Baseado no romance homônimo e sucesso mundial, de Bernhard Schlink, “O Leitor” disseca polêmicas, julga a conivência dos alemães com crimes de guerra e analisa a ética do ser humano. Com uma esplêndida atuação de Kate Winslet, que ganhou o Oscar de Melhor Atriz e o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante, o filme de Stephen Daldry é um dos mais memoráveis da história recente do cinema. Winslet dá vida a uma personagem extremamente complexa que somente uma grande atriz seria capaz de desempenhar. O excelente roteiro de David Hare também é peça fundamental para a qualidade de “O Leitor”. A história tem início na Alemanha em 1995, onde Michael Berg (Ralph Fiennes) prepara seu café da manhã. Neste momento aparece Brigitte (Jeanette Hahn), que passou a noite com ele. O espectador logo percebe a personalidade excêntrica de Michael. Sua filha, Júlia (Hannah Heurzsprung), por exemplo, reclama que não conhece nada sobre a vida do pai. É quando os flashbacks começam a surgir em tela, que por sinal são perfeitamente inseridos. Agora Michael aparece com apenas 15 anos (interpretado pelo novato e talentoso David Kross). O ano é 1958. O jovem sente-se mal ao voltar para casa e, debaixo de chuva, pára em frente a um prédio antigo. Ali, ele é ajudado por uma mulher chamada Hanna Schmitz (Kate Winslet). De volta à sua casa, Michael conta aos pais sobre o ocorrido. Em seguida, ele é diagnosticado com escarlatina. Seus pais, com medo do perigo de contágio, o isola dos irmãos e Michael passa um longo período de repouso e afastado da escola. Recuperado da doença, o jovem retorna à casa de Hanna para lhe entregar algumas flores como forma de agradecimento. É o início de uma tórrida relação entre os dois e marca a iniciaçao sexual de Michael. Hanna só faz uma exigência antes do sexo: que o garoto leia para ela. Apesar da reclusão e dos modos grosseiros de Hanna, Michael começa a se apaixonar por ela. A alemã, cobradora de bonde, fica fascinada com os textos lidos por Michael, como “A Odisséia”, de Homero, e “A Dama do Cachorrinho”, de Tchékhov. As histórias, muitas vezes, a faz chegar às lágrimas. E, assim, em nenhum momento Michael poderia supor que aquela mulher de aparência triste e inofensiva fosse capaz de cometer terríveis atos, como ele descobriria anos mais tarde. Porém, Hanna desaparece de uma hora para a outra sem deixar pistas e o romance dos dois acaba durando somente um verão. Michael fica desolado e cresce atormentado por esta perda. Ele se torna um homem incapaz de estabelecer vínculos com as pessoas. Anos se passam e Michael está na faculdade de Direito. Sob a orientação de um professor, ele e alguns colegas vão acompanhar o julgamento de ex-oficiais mulheres que respondem por crimes de guerra durante o nazismo. O que Michael não esperava é encontrar Hanna no banco dos réus. Ela e mais cinco mulheres são acusadas de serem responsáveis pela morte de milhares de prisioneiras judias. O reencontro é extremamente chocante para Michael. Sem coragem de aparecer em sua frente, o estudante acompanha o julgamento de longe. Quando surge a oportunidade de abrandar a sua delicada situação no caso, Hanna oculta uma informação que poderia mudar os rumos do julgamento. Ela toma tal atitude a fim de proteger um segredo que é somente seu. Atento a todos os detalhes, Michael se dá conta da verdade que Hanna está tentando omitir e entra num dilema particular. Michael deveria intervir no caso sabendo que tem nas mãos um detalhe que poderia, ao menos, aliviar a pena de Hanna? Ou não deveria fazer nada já que tem plena consciência de que ela própria não gostaria de ter seu segredo revelado, mesmo que isto significasse a possibilidade de Hanna passar o resto da sua vida atrás das grades. Hanna então acaba condenada a prisão perpétua. Michael jamais a esquece e transforma a vida de Hanna, ainda que de longe, de uma maneira que ela jamais poderia imaginar. Seu gesto prova que, pelo menos, a absolvição de Michael ela tem. Anos depois, quando Hanna está prestes a sair da cadeia e bem idosa, eles têm finalmente seu reencontro. O distanciamento e a mágoa de Michael dão um tom formal à conversa. Michael arranja um local para Hanna ficar, mas ela prevê um final diferente para si. Michael então descobre que sua intenção nunca foi a de deixar a prisão. Ele é incumbido por Hanna Schmitz de uma missão especial. Michael vai até a casa de uma sobrevivente de Auschwitz e conta o segredo de Hanna para a mulher. A ex-prisioneira não aceita a história como uma explicação ou desculpa. Michael então deixa com a moça todas as economias de Hanna, uma forma que a alemã encontrou de diminuir todo o sofrimento que causou. A mulher só aceita a quantia para fazer qualquer doação que não tenha ligação com os crimes de nazismo, já que soaria como algum tipo de compensação. “O Leitor” é um filme que questiona os sentidos da verdade e faz o espectador refletir sobre a relação entre o perdão e culpa.



Por Gabriel Von Borell




ficha técnica:
título original:The Reader
gênero:Drama
duração:02 hs 04 min
ano de lançamento:2008
site oficial:http://www.thereader-movie.com/
estúdio:The Weinstein Company / Neunte Babelsberg Film / Mirage Enterprises
distribuidora:The Weinstein Company / Imagem Filmes
direção: Stephen Daldry
roteiro:David Hare, baseado em livro de Bernhard Schlink
produção:Donna Gigliotti, Anthony Minghella, Redmond Morris e Sydney Pollack
música:Nico Muhly
fotografia:Roger Deakins e Chris Menges
direção de arte:Christian M. Goldbeck e Erwin Prib
figurino:Donna Maloney e Ann Roth
edição:Claire Simpson
efeitos especiais:RhinoFX / Custom Film Effects

elenco:
Ralph Fiennes (Michael Berg)
David Kross (Michael Berg - jovem)
Jeanette Hain (Brigitte)
Kate Winslet (Hanna Schmitz)
Susanne Lothar (Carla Berg)
Alissa Wilms (Emily Berg)
Florian Bartholomäi (Thomas Berg)
Friederike Becht (Angela Berg)
Matthias Habich (Peter Berg)
Bruno Ganz (Prof. Rohl)
Max Mauff (Rudolf)
Karoline Herfurth (Marthe)
Lena Olin (Rose Mather / Ilana Mather)
Alexandra Maria Lara (Ilana Mather - jovem)
Frieder Venus (Médico)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"A Troca"

Clint Eastwood é um dos maiores diretores de cinema do mundo e tem provado isto com uma carreira bastante sólida e bem sucedida. A partir desta constatação, “A Troca” (Changeling, 2008) entra para a categoria de suas melhores realizações, se não a melhor. O drama, baseado em uma história real, da mulher que encara o sumiço de um filho e depois luta para provar que a criança que recebeu de volta é outra, é perfeito tanto nos aspectos técnicos como nos artísticos. A qualidade que Eastwood consegue imprimir aos seus filmes é impressionante. E como não bastasse todo seu talento atrás das câmeras, o espectador assiste a um verdadeiro show de Angelina Jolie, numa atuação realmente sensível e inspirada e que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. A condução clássica de narrativa que tanto marca os longas de Eastwood está ainda mais forte, e melhor, em “A Troca”. O cineasta dirige sua trama com extremo cuidado e nos apresenta uma fotografia belíssima com planos escuros. As tomadas em que os lábios vermelhos de Jolie contrastam com seu semblante enegrecido são incríveis. A direção de arte e os cenários de “A Troca” também estão formidáveis. O roteiro assinado por J. Michael Straczynski é fabuloso e escapa ileso das armadilhas que poderiam transformar o filme num dramalhão descomedido. Nas mãos de Clint Eastwood esse risco é reduzido para zero. “A Troca” conta a história de Christine Collins (Angelina Jolie), uma mãe solteira, nos anos 20, que um dia sai para trabalhar e quando retorna para casa não encontra seu filho, Walter (Gattlin Griffith). Imediatamente, Christine liga para polícia, que por sua vez avisa que nada pode fazer antes que se completem 24 horas desde o momento em que o menino sumiu. O policial que atende a ligação tenta tranqüilizar Christine dizendo que na maioria das vezes as crianças retornam poucas horas depois, mas ela sente que algo muito terrível pode ter acontecido. O Departamento de Polícia de Los Angeles não inspira confiança já que está mergulhado em escândalos envolvendo corrupção e abusos de poder. Diante disso, a polícia enxerga no caso de Walter uma oportunidade perfeita para limpar a sua barra com a população, além de levantar a moral da instituição e posar de eficiente para a imprensa. Só que a tentativa de solucionar o problema a qualquer custo culmina num grande erro. Alguns meses depois, Christine é avisada que haviam encontrado seu filho, ela então vai até a estação de trem para finalmente levar Walter de volta para casa. Mas chegando lá, Christine percebe que lhe trouxeram a criança errada. O estranho é que o garoto a que foi apresentada jura de pé junto que é Walter. O capitão J. J. Jones (Jeffrey Donovan) tenta convencê-la de que a emoção a deixou perturbada e diz que o garoto mudou em função dos meses que se passaram. Assim, Christine acaba levando seu suposto filho com ela. Mas Christine logo percebe que não está fazendo confusão alguma. Ela constata, por exemplo, que o menino que lhe foi entregue é alguns centímetros mais baixo que Walter e também não é circuncisado como seu filho. A partir daí, Christine inicia uma exaustiva batalha para provar que a polícia de LA se enganou. Porém, o capitão J. J. Jones se recusa a reconhecer o erro, visto que o fato de admitir o engano traria ainda mais problemas para a instituição. É quando aparece o reverendo Gustav Briegleb (John Malkovich), que durante muito tempo vem lutando para desmascarar as sujeiras que o Departamento de Polícia de LA varre para debaixo do tapete. Ele se dispõe a ajudar Christine no que fosse preciso e, juntos, os dois começam uma campanha para provar que Walter continua sumido. Na tentativa de calar Christine de qualquer forma, o capitão J. J. Jones a trancafia num hospital psiquiátrico. Ele deixa claro que a única maneira de Christine sair daquela situação seria assinando um documento em que ela ratificasse que o garoto encontrado é realmente Walter. Mas Christine se recusa veementemente a desistir de sua luta e encara uma verdadeira via-crúcis por seu filho desaparecido. Com muito empenho, o reverendo Briegleb consegue tirá-la do sanatório, assim como consegue liberação para todas as outras mulheres que foram injustamente mandadas para lá por terem ido contra os interesses da polícia. A esta altura, o espectador toma conhecimento de uma série de crimes a partir da captura de um jovem que diz ter sido obrigado pelo tio a participar de um esquema de seqüestro e assassinatos de crianças. Mortes que podem estar relacionadas com o desaparecimento de Walter. Christine então se desespera com o rumo que as coisas tomam. Em seguida, o assassino é capturado, julgado e condenado à morte. O Departamento de Polícia de LA também passa por julgamento e toda banda podre é desligada da corporação. Tempos depois, ela recebe a notícia de que um garoto foi encontrado, mas para sua tristeza não é o Walter. Ao menos, a partir do depoimento deste menino Christine descobre o quão nobre e solidário seu filho foi. Em meio à frustração de não ter Walter de volta, ela descobre que um sentimento que vinha se esvaindo dentro de si foi recuperado com toda a força: o de esperança. “A Troca” desperta a indignação do espectador de forma violentíssima. É uma intensa experiência emocional onde o nosso senso de justiça é potencializado a todo momento.


Por Gabriel Von Borell



ficha técnica:
título original:Changeling
gênero:Drama
duração:02 hs 21 min
ano de lançamento:2008
site oficial:http://www.changelingmovie.net/
estúdio:Imagine Entertainment / Malpaso Productions / Relativity Media
distribuidora:Universal Pictures
direção: Clint Eastwood
roteiro:J. Michael Straczynski
produção:Brian Grazer, Clint Eastwood, Robert Lorenz e Ron Howard
música:Clint Eastwood
fotografia:Tom Stern
direção de arte:Patrick M. Sullivan Jr.
figurino:Deborah Hopper
edição:Joel Cox e Gary Roach
efeitos especiais:CIS Vancouve

elenco:
Angelina Jolie (Christine Collins)
Gattlin Griffith (Walter Collins)
Michelle Martin (Sandy)
Michael Kelly (Detetive Lester Ybarra)
Frank Wood (Ben Harris)
John Malkovich (Reverendo Gustav Briegleb)
Colm Feore (Chefe James E. Davis)
Devon Conti (Arthur Hutchins)
Jeffrey Donovan (Capitão J.J. Jones)
Peter Gerety (Dr. Earl W. Tarr)
John Harrington Bland (Dr. John Montgomery)
Pamela Dunlap (Sra. Fox)
Roger Hewlett (Oficial Morelli)
Jason Butler Harner (Gordon Northcott)
Eddie Alderson (Sanford Clark)
Amy Ryan (Carol Dexter)
Dennis O'Hare (Dr. Jonathan Steele)
Kelly Lynn Warren (Rachel Clark)
Colby French (Bob Clark)
Geoffrey Pierson (S.S. Hahn)
Reed Birney (Prefeito Cryer)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Planeta Terror"

“Planeta Terror” (Planet Terror, 2007) é a primeira parte do projeto dos diretores Robert Rodriguez e Quentin Tarantino intitulado como “Grindhouse”. A intenção dos cineastas era homenagear os filmes do estilo “exploitation”, muito populares durante a década de 70, que consiste na mistura de sexo e violência de uma forma bem sensacionalista para atrair o público. As características que marcavam esse tipo de produção era a falta de comprometimento com a qualidade técnica e artística e seu baixo orçamento. Grindhouse era o termo usado nos Estados Unidos para designar as salas de cinema onde estes filmes eram colocados em cartaz. Na maioria das vezes, eles eram exibidos em sessões duplas. O espectador pagava somente um ingresso e podia assistir a dois filmes. Fãs confessos do cinema trash, surgiu daí a idéia de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino em lançarem seus filmes no formato 2 em 1. Coube a Rodriguez fazer a parte inicial do projeto, que ganhou o nome de “Planeta Terror”. A segunda parte ficou para Tarantino, que realizou seu “À Prova de Morte” (Death Proof, 2007). Ambos os longas são precedidos por trailers falsos e o de Rodriguez é antecedido por “Machete”. O ator Danny Trejo, que sempre participa dos filmes do diretor, interpreta o personagem homônimo do trailer. No falso preview, Trejo vive um mexicano sedento por uma vingança sanguinária. Nos Estados Unidos, o projeto fracassou nas bilheterias e os produtores optaram por lançar os filmes separadamente no restante do mundo. Para realizar um legítimo filme B, Robert Rodriguez escolheu o universo dos zumbis que atacam uma cidade interiorana. O diretor é um mestre no estilo trash e em “Planeta Terror” prova que está em plena forma dominando o estilo como ninguém. O filme abusa de criaturas que se arrastam, humanos se devorando, tiros e violência explícita. Tudo o que não pode faltar em um típico filme de zumbi. O sangue jorra na tela em meio à contaminação que invade uma pequena cidade. O diretor tem ótimas sacadas ao longo de “Planeta Terror” e aborda polêmicas recentes como militarismo, Osama Bin Laden, terrorismo e conflitos bélicos no Oriente Médio. Rodriguez também tem o mérito de ter criado uma heroína que já entrou para história do cinema por sua condição bizarra. A protagonista de “Planeta Terror” implanta uma poderosa metralhadora no lugar de uma das pernas depois de ter perdido a mesma num ataque de zumbis. Tudo começa quando um gás tóxico que os Estados Unidos utilizou de forma descompassada em suas campanhas pelo Oriente Médio se alastra por uma cidadezinha no Texas. O acidente faz com que as pessoas infectadas comecem a apresentar feridas pustulentas. Elas não viram zumbis porque não se tornam desmortos, mas passam a ter um olhar vago e se alimentar de carne humana. Cherry Darling (Rose McGowan) é uma desiludida go-go-girl que sonha se tornar uma comediante. Ela é a moça da famosa perna de metralhadora e junto com seu ex-namorado, El Wray (Freddy Rodriguez), vai liderar o grupo de sobreviventes que combate os zumbis tóxicos. A partir daí, surgem uma série de personagens e situações bizarras. Entra em cena a Dra. Dakota Block (Marley Shelton), uma anestesista que carrega em sua cinta-liga uma coleção de agulhas, que passa a ser utilizadas como arma. Dakota acaba provando do próprio veneno já que é atacada por seu marido, o Dr. William Block (Josh Brolin), que suspeita de uma traição. Assim, ela passa a maior parte do filme com as mãos anestesiadas. A personagem é responsável pelas cenas mais hilárias na tentativa de sobreviver enquanto suas mãos não respondem a nenhum comando. Tem também JT (Jeff Fahey), que é dono de uma espelunca e está mais preocupado em aperfeiçoar a receita de molho de seu churrasco do que com os zumbis. Até Quentin Tarantino participa de “Planeta Terror” como um militar sádico que tenta estuprar a anestesista, mas o gás transformou seu pênis num mingau. Ainda existem as participações de Bruce Willis, de Naveen Andrews (o Sayid do seriado Lost) e da cantora Fergie. “Planeta Terror” é demasiado exagerado. As performances do elenco, os diálogos e, claro, a violência são exagerados. E estes excessos conferem ao filme também um tom de comédia. Robert Rodriguez realiza, propositadamente, um filme ruim para entrar para a categoria dos ótimos filmes trashs. É diversão garantida para quem tem estômago forte.


Por Gabriel Von Borell



Ficha Técnica
título original:Planet Terror
gênero:Terror
duração:01 hs 37 min
ano de lançamento:2007
site oficial:http://www.planetaterror.com.br
estúdio:Dimension Films / Rodriguez International Pictures / Troublemaker Studios
distribuidora:Europa Filmes
direção: Robert Rodriguez
roteiro:Robert Rodriguez
produção:Elizabeth Avellan, Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e Erica Steinberg
música:Graeme Revell e Carl Thiel
fotografia:Robert Rodriguez
direção de arte:
figurino:Nina Proctor
edição:Ethan Maniquis e Robert Rodriguez
efeitos especiais:

elenco
Freddy Rodríguez (El Wray)
Rose McGowan (Cherry Darling)
Marley Shelton (Dra. Dakota Block)
Josh Brolin (Dr. William Block)
Michael Biehn (Xerife Hague)
Naveen Andrews (Abby)
Michael Parks (Earl McGraw)
Jerili Romeo (Ramona McGraw)
Tom Savini (Deputado Tolo)
Rebel Rodriguez (Tony Block)
Carlos Gallardo (Deputado Carlos)
Stacy Ferguson (Tammy)
Felix Sabates (Dr. Felix)
Hung Nguyen (Dr. Crane)
Julio Oscar Mechoso (Romey)
Jeff Fahey (J.T. Hague)
Bruce Willis (Tenente Muldoon)
James Parks (Edgar McCraw)
Quentin Tarantino