quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"À Prova de Morte"

A segunda parte do projeto cinematográfico chamado “Grindhouse”, idealizado pelos cineastas Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, é ainda melhor que a primeira. Coube a Tarantino fazer a parte final do projeto, que ganhou o nome de “À Prova de Morte” (Death Proof, 2007). Já a primeira metade ficou para Rodriguez, que realizou seu “Planeta Terror” (Planet Terror, 2007). A intenção dos cineastas era homenagear os filmes do estilo “exploitation”, muito populares durante a década de 70, que consiste na mistura de sexo e violência de uma forma bem sensacionalista para atrair o público. As características que marcavam esse tipo de produção era a falta de comprometimento com a qualidade técnica e artística e seu baixo orçamento. Grindhouse era o termo usado nos Estados Unidos para designar as salas de cinema onde estes filmes eram colocados em cartaz. Na maioria das vezes, eles eram exibidos em sessões duplas. O espectador pagava somente um ingresso e podia assistir a dois filmes. Fãs confessos do cinema trash, surgiu daí a idéia de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino em lançarem seus filmes no formato 2 em 1. E o diretor de “Pulp Fiction” e “Kill Bill” prova seu enorme talento, mais uma vez, em “À Prova de Morte". Tarantino parece ser realmente um mestre na arte de transformar projetos de gosto duvidoso em cinema de primeira qualidade. Com muitas referências à cultura pop, o que já se tornou uma marca registrada do diretor, e também à clássicos de cinema do gênero, “À Prova de Morte” é um suspense trash delicioso de ser assistido. E sensual também. O diretor valoriza as formas femininas por diversas vezes, mas sem cair na vulgaridade. Como por exemplo, quando uma das belas jovens que aparecem no filme dança para um Kurt Russell psicopata. Aliás, o ator está ótimo em cena como o serial killer de estrada e canastrão na medida perfeita. E os diálogos de Tarantino estão mais afiados do que nunca. É maravilhosa a cena em que quatro personagens femininas conversam em uma mesa e a câmera, sem cortes, gira em torno delas por dez minutos ininterruptos e o espectador acompanha aquele longo papo sem ficar entediado. A trilha sonora é outro ponto muito positivo e reforça a competência de Tarantino para compor a parte musical de seus filmes. O diretor também assina a direção de fotografia. E como não poderia ser diferente, “À Prova de Morte”, assim como acontece em “Planeta Terror”, ainda traz Tarantino fazendo uma ponta bem humorada como um barman local. A história começa com três jovens garotas se preparando para uma viagem de carro. Jungle Julia (Sidney Tamiia Poitier) é a sensual e ousada DJ da rádio da cidade. Ela parece liderar o grupo. Shanna (Jordan Ladd) faz o tipo mais ingênuo e infantil. Já Arlene (Vanessa Ferlito) é observadora e discreta. A viagem das três deveria ser maravilhosa senão fosse pela aparição de Dublê Mike (Kurt Russell), um maníaco assassino que sente prazer em perseguir e matar mulheres com seu carro preto “à prova de morte”. As jovens vão parar num pequeno bar e lá aparece Dublê Mike para observar suas futuras vítimas. Mas quem acaba morrendo primeiro é Pam (Rose McGowan). A protagonista de “Planeta Terror” aqui aparece numa participação especialíssima. Pam aceita uma carona do serial killer e Dublê Mike lhe mostra seu carro assassino antes de correr atrás de Jungle Julia e Cia. Mas logo depois de “eliminar” Pam, o psicopata avista o carro das moçoilas na estrada e causa uma batida violenta ao extremo. O diretor mostra exatamente como as garotas morrem fazendo vários replays em câmera lenta com o impacto da batida e os corpos de cada uma delas sendo, literalmente, despedaçados no ar. Neste momento do longa, quatorze meses se passam e surge agora na tela outro grupo de jovens mulheres se aventurando numa viagem de carro. Abernathy (Rosario Dawson) é maquiadora. Kim (Tracie Thoms) é dublê de cinema e Lee (Mary Elizabeth Winstead) é atriz. As três estão trabalhando num set de filmagem e vão encontrar uma quarta amiga chamada Zoe (Zoe Bell, que interpreta a si mesma). E é claro que Dublê Mike vai cruzar também o caminho do grupo. Só que as coisas não saem bem como foi planejado pelo serial killer. Zoe está na cidade para procurar pelo dono de um antigo carro. O homem está querendo vender seu automóvel e ela está doida para ser a compradora. Só que antes, ela quer fazer um perigoso test-drive na estrada. Zoe recruta suas amigas para lhe auxiliarem na tarefa de reproduzir uma cena do filme “Corrida Contra o Destino”, em que este mesmo carro aparece. Na cena, um personagem se deita sobre o capô do carro em alta velocidade. É quando “A Prova de Morte” nos apresenta uma sequência de perseguição incrível que promete entrar para a história do cinema. O problema é que Dublê Mike surge no exato momento em que o grupo de amigas está tentando realizar tal proeza. O assassino quer a todo custo derrubar Zoe de cima do capô e as jovens se empenham em conseguir se livrarem daquela perigosa situação. O fato da atriz Zoe Bell na vida real ser também dublê de corpo imprime um realismo impressionante em cena. Para infelicidade de Dublê Mike ele parece ter escolhido as vítimas erradas. E “À Prova de Morte” chega ao final com um desfecho inesperado e cool, capaz de animar o mais desanimado dos espectadores. Um fim com a cara de Quentin Tarantino. No final das contas, “À Prova de Morte” supera a primeira parte de “Grindhouse”, “Planeta Terror”. Embora o filme de Robert Rodriguez seja deveras divertido não consegue atingir a excelência que Tarantino confere à sua obra.


Por Gabriel Von Borell


Para ler a resenha sobre a primeira parte de “Grindhouse”, acesse "Planeta Terror"




À Prova de Morte
(Death Proof, Estados Unidos, 2007)
Direção: Quentin Tarantino Roteiro: Quentin Tarantino Elenco: Kurt Russell, Rosario Dawson, Rose McGowan, Vanessa Ferlito
. Ação. 114 min.

12 comentários:

  1. Eu prefiro Planeta Terror, mas gostei desse também! É legitimamente um filme de Quentin Tarantino!

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  2. Como proposta Planeta Terror é mais "Z".

    À Prova de Morte tbm é incrível, roteiro afiado e cheio de referencias do Tarantino.

    Só vi na internet completo pq vai estrear nesta sexta Bastardos Inglòrios e a Europa Filmes nem se quer lançou ainda Death Proof.

    Abraços.
    Gostei dos eu blog vou te seguir...

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  3. não sei se vou ver estes filmes.

    obrigado pela visita ao figura220! mas cara, por que não agradece a visita ao blog comentando alguma postagem?

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  4. Um pouco desequilibrado este filme de Tarantino. Ficou uma excelente personagem que é a de Stuntman Mike. Vale muito pela perseguição final.

    7/10.

    Abraço.

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  5. Esse filme é realmente sensacional!
    Mas o Planeta Terror ainda é melhor!

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  6. Escrevi há poucos dias sobre "Planeta Terror" e apesar das boas idéias, achei que Rodriguez exagerou um pouco no sangue, mas não deixa ser a marca dele. Este de Tarantino eu ainda não assisti.

    Até mais.

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  7. Oi Gabriel...ainda não asissti o Leitor,mas assim que assistir venho aqui pra comentar,sobre os filmes de Quentin Tarantino, assisti apenas alguns como Pulp Fiction e Bastardos Inglórios, na verdade não são os tipos de filmes que gosto de assistir, então vou me abster aos comentários tá?rsrs

    Obrigada por tua visita no Blog viu! To sempre de olho aqui...

    Bjo pra ti

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  8. E ai Gabriel, tudo jóia rapaz?

    quanto tempo
    sempre com boas dicas de filme, valeu mesmo

    abraços

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  9. Fala Gabriel, sumido heim. Não consegui ainda assistir ao Leitor, vou ver se pego hoje e depois venho comentar.

    Abs

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  10. Não vi este, ainda, mas tenho um primo que tem uma cópia que baixou - vou falar com ele. Apesar de não gostar muito de Kurt Russell, vou conferir, abraço sumido!

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  11. Fiquei com água na boca!!! Parece ser imperdível...

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