quarta-feira, 13 de maio de 2009

"O Orfanato"


O cinema espanhol nos traz uma grata surpresa com este “O Orfanato” (El Orfanato, 2007). Com produção de Guillermo Del Toro, que apresenta o longa, o filme do diretor estreante J. A. Bayona conta uma história de suspense e terror de forma elegante e assustadora. Nada mal para uma produção que, além de ter um diretor novato, também é o primeiro trabalho de seu montador e de seu diretor de fotografia. E a inexperiência do trio em nenhum momento transparece na tela. Quem vê pode jurar que aquele filme tão bem feito é obra de profissionais bastante experientes. O mérito de “O Orfanato” fica ainda maior quando sabemos que o longa foi produzido com apenas 6,5 milhões de dólares. Não dá pra imaginar o quanto do dedo de Del Toro está presente na história, mas fica muito claro, em algumas cenas, sua influência artística. O acabamento de “O Orfanato” em muitos momentos nos remete ao seu grande sucesso “O Labirinto do Fauno”(El Laberinto Del Fauno, 2006). Assim como uma cena de atropelamento com um close-up no rosto desfigurado da personagem também deixa evidente a marca de Del Toro. Mas J. A. Bayona é de grande importância para o resultado final. O grande feito do diretor catalão foi não abusar dos sustos. Muito pelo contrário, J. A. Bayona reservou os sustos para os grandes momentos, conquistando o mérito de realmente pegar o espectador de surpresa e sem banalizar este recurso, uma falha muito comum do gênero. O plano-sequência na cena do pega-pega com os fantasmas também é outra prova do faro do diretor para o suspense. “O Orfanato” é um filme de terror à moda antiga, daqueles que só de as luzes se apagarem já provoca o medo. Um suspense como só os espanhóis parecem saber fazer atualmente, como já aconteceu com “Os Outros” (The Others, 2001). A força do longa também se vale do talento de Belén Rueda, que interpreta, com maestria, a personagem principal do filme. Numa das melhores atuações do ano. Em “O Orfanato”, Laura (Belén Rueda) é uma mulher que passou sua infância vivendo num retiro para órfãos até ser adotada por um casal. Depois de décadas, Laura decide voltar ao local, que hoje está desativado, e construir um lar para crianças com necessidades especiais. Ela então se muda para o antigo orfanato com seu noivo, Carlos (Fernando Cayo), e seu filho adotivo, Simón (Roger Príncep). Nos primeiros dias na nova casa, Simón fantasia que fez alguns amigos imaginários, mas o casal não dá bola para o fato, achando se tratar apenas de passa-tempo de menino. O garoto passa muito tempo sozinho e Laura espera que, com a chegada das crianças que lá irão morar, Simón esqueça esses devaneios. Até o dia em que, na recepção para a nova garotada, Laura se irrita com as histórias de Simón e lhe dá um tapa. Logo em seguida, o garoto some e todos o buscam por todos os lados. O desespero de Laura é enorme porque Simón é soropositivo e precisa tomar remédios diariamente para controlar o vírus HIV. Meses se passam e nada do garoto aparecer. A polícia local não consegue solucionar o mistério. Laura e Carlos chegam a entrar numa terapia em grupo para superar o acontecido. Porém, a moça ainda acredita que Simón está vivo e inicia uma batalha para tentar provar que não é loucura sua achar que o menino não morreu. Durante sua investigação, Laura descobre coisas apavorantes sobre o orfanato. Ela recorre a todos os métodos, inclusive sessões mediúnicas para desvendar o que acontece naquele casarão sinistro. Numa participação super especial, Edgar Vivar, o famoso Seu Barriga do seriado Chaves, interpreta o especialista em paranormalidade Balaban. O desfecho de “O Orfanato” se desenha numa cena bonita e tocante, cheia de magia e fantasia, muito diferente do que costumamos ver nos filmes de terror que existem por aí. Palmas para a Espanha e seus talentos do Cinema.


Por Gabriel Von Borell




Ficha Técnica
Título Original: El Orfanato
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (México / Espanha): 2007
Site Oficial: www.theorphanagemovie.com
Estúdio: Wild Brunch / Estudios Picasso / Telecinco / Grupo Rodar / Esta Vivo! Laboratorio de Nuevos Talentos / Rodar y Rodar Cine y Televisión S.L. / TV3 / Warner Bros. Pictures de España
Distribuição: California Filmes
Direção: Juan Antonio Bayona
Roteiro: Sergio G. Sánchez
Produção: Álvaro Augustin, Joaquín Padro, Mar Targarona e Guillermo del Toro
Música: Fernando Velázquez
Fotografia: Óscar Faura
Desenho de Produção: Josep Rosell
Direção de Arte: Iñigo Navarro
Figurino: Maria Reyes
Edição: Elena Ruiz


Elenco
Belén Rueda (Laura)
Fernando Cayo (Carlos)
Roger Príncep (Simón)
Mabel Rivera (Pilar)
Montserrat Carulla (Benigna)
Andrés Gertrúdix (Enrique)
Edgar Vivar (Balaban)
Óscar Casas (Tomás)
Georgina Avellaneda (Rita)
Carla Gordillo Alicia (Martín)
Alejandro Campos (Victor)
Carmen López (Alicia)
Óscar Lara (Guillermo)
Geraldine Chaplin (Aurora)
Carol Suárez (Benigna - jovem)

5 comentários:

  1. O Orfanato vive do mistério, dos ruídos, da sugestão... Em última análise e para além de uma obra de terror sublime, revela-se como um drama tocante e profundo, protagonizado em primeira instância pela força magistral de Belén Rueda.

    Cumps.
    Roberto F. A. Simões
    CINEROAD – A Estrada do Cinema

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  2. opa
    vlww por seguir o blog

    esse filme eu ainda nao vi o final heheh tive q sair

    http://publicandobr.blogspot.com/2009/05/burger-king-ataca-mcdonalds-imagens.html

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  3. Olá
    gostei do seu blog, virei seguidor

    este eu considero um dos melhores filmes que vi no ano passado e um dos melhores filmes de suspense/terror que já vi em toda minha vida. É exatamente o que vc falou, os sustos acontecem na hora certa. admito: FIQUEI COM MEDO : ) mas já passou. ÓTIMO FILME

    até mais...

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  4. Eu assisti esse filme com meus pais e amei! E ainda tive que explicar o final a eles, pois eles não entenderam... Se bem que, assim como "O Labirinto do Fauno", "O Orfanato" pode ter mais de uma interpretação...

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  5. Cara, eu adorei o filme. Também percebi a influencia de o labirinto do Fauno no filme. Teve um senso artistico e lírico tão forte que me fez refletir muito sobre a película. Adoro terror espanhol, ele é cheio de lirismo e não é repugnante como os japoneses (que eu gosto tbm), mas é algo mais refinado, mais pensado, mais humano. O filme é ótimo e sem dúvida é um filme digno de figurar como comparação ao "Os outros".

    Valeu!!!

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